segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Morraceira legalizada

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Na passada quinta-feira foi constituída a Morraceira (versão portuguesa).

Foi constituída pelo método Associação Na Hora, uma inovação do Governo Português que permite a constituição de associações no espaço relativo de uma hora. No nosso caso demorou bastante mais, porque primeiro tivemos de pedir o certificado que nos permitiria chamar Morraceira. Caso contrário, éramos obrigados a escolher um nome duma lista.




Os estatutos podem ser consultados fazendo uma pesquisa por Morraceira aqui.

A denominação completa é "Morraceira - Associação Cultural", tem sede em Vila Nova de Cerveira, e a data de aniversário é 17 de Janeiro. Faz hoje quatro dias.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Sobre a Morraceira

O carácter inovador desta associação deve-se ao facto de ser na realidade duas associações homónimas. Uma fundada em solo galego, e outra fundada em solo português.

Esperamos desta forma conseguir ultrapassar alguns dos obstáculos geralmente colocados às actividades transfronteiriças. Com esta estrutura, funcionaremos externamente como uma só Associação, e internamente como duas sempre que necessário.

Ora bem, porque é que então não fazemos apenas uma só associação transfronteiriça? Porque esse estatuto simplesmente não existe. Ou melhor, existe mas reservado somente a associações intermunicipais, como é o caso do Eixo Atlântico ou da Uniminho.

Em breve, iremos colocar mais informações sobre a Morraceira.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Senhora esbelta mas pouco formosa,
exibes dentição bem belicosa,
e és nestes rios a dama mais feia.
Mas reinas no prato, nobre Lampreia!

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domingo, 13 de janeiro de 2008

A Linha do Tua, a Barragem e a Albufeira

Portugal é um país estranho onde se fazem planos estranhos. Em Portugal as coisas boas tem um curto tempo de vida - neste caso, ironicamente: 120 anos... Em Portugal há uma das mais belas linhas de comboio do mundo: trata-se da Linha do Tua, uma linha que acompanha o curvilíneo rio Douro e se desenvolve por Trás-Os-Montes. Esta Linha já não é apenas uma coisa boa, é uma coisa muito boa. Daquelas em que vale a pena gastar muito dinheiro para garantir a sua preservação, uso e rentabilidade turística. Daquelas que serviriam de bandeira do país no exterior - caso não estivesse no interior! -, e vão levantando o ânimo ao orgulho transmontano.

Será?

Inaugurada em 1887, a Linha do Tua parece agora condenada a conhecer o seu fim. A pena de morte decidida é por afogamento. O carrasco é a nova Barragem da Foz do Tua e a sua consequente albufeira.

E eu que, pobre inocente, não sabia que era possível afogar uma linha de comboio, embora já soubesse que se conseguísse mudar as formas a um rio.



Todas as informações encontram-se na página do Movimento Cívico pela Linha do Tua.

P.S. - A todos os galegos - e, quem sabe, portugueses distraídos - que não conheçam esta Linha do Tua de que estou a falar: apressem-se a visitá-la enquanto podem. Há lugares onde o vinho e a paisagem são inexcedíveis.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

ENCONTRO DE ASSOCIACIONISMO JUVENIL GALIZA-NORTE DE PORTUGAL

Encontro de Asociacionismo Xuvenil Galicia – Norte de Portugal
Vila nova de Famalicão - Braga
(8, 9 e 10 de febreiro de 2008 )

A Dirección Xeral de Xuventude e Solidariedade convoca ás asociacións xuvenís interesadas para participar no encontro – mostra do asociacionismo xuvenil de Galicia e o Norte de Portugal
O encontro se realizará os día 8, 9 e 10 de Febreiro na localidade portuguesa de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga.
Preténdese nesta mostra favorecer o encontro entre os mozos e mozas organizados de ambos lados da raia, de xeito que se podan intercambiar ideas, proxectos e actividades e ademais tecer novas redes que no futuro podan ter como froito actividades de carácter transfronteirizo.
Haberá momentos para a reflexión e o traballo conxunto e tamén o espazo necesario para que cada asociación poda expoñer as súa actividades e proxectos. O esquema de horario será máis ou menos o seguinte:


Venres/Sexta 8

-Tarde (a partir das 18:00):
Montaxe dos stands das asociación
-Noite:
Animación - Distensión



Sábado 9

-Mañá:
Inauguración formal
Grupos de discusión

-Tarde:
Inauguración lúdica e festiva
Exposición e mostra

-Noite:
Animación - Distensión



Domingo 10:

-Mañá:
Grupos de discusión:
Conclusións

-Tarde
Exposición e mostra
Clausura (a partir das 18:00)






A Dirección Xeral de Xuventude e Solidariedade quere apoiar este encontro facéndose cargo do aloxamento e manutención dos mozos e mozas das asociacións interesadas en participar nese encontro, (máximo 5 persoas por entidade) polo que cada quen buscará a forma de transporte para chegar ata o lugar de celebración do encontro.

As asociacións interesadas poderán presentar a folla de inscrición a través do correo electrónico beatriz.pais.comino@xunta.es ou na Dirección Xeral de Xuventude e Solidariedade Edif. Administrativo San Caetano s/n bloque 3- 1º 15781 Santiago de Compostela ou no fax 981 545 843

´Viagem ao Príncípio do Mundo´ (1997): o filme minhoto de Manoel de Oliveira










Cando entramos de cheo na celebración do Ano Oliveriano en Portugal convén destacar que o Mestre é o grande cineasta minhoto por excelencia. Neste filme recupera parte das súas lembranzas de convivio co río:

Secuencia II. Vense imaxes da cegada do coche á cidade de Caminha. Dan unha volta polas súas rúas e paran na ribeira do Miño.

(Desde a parte traseira vese como se achega un coche por unha ampla e recta estrada a unha cidade que se atopa preto dun río. A carón hai un baluarte dunha fortaleza. Nas súas proximidades para o coche e os seus ocupantes saen a dar un paseo. Manoel con Afonso, Judite, e Duarte chegan ata o límite do baluarte para mirar a outra beira do rio)

MANOEL: O Colègio é aquele. Ali, em frente a Caminha, estas a ver Afonso?. Alem, entre o caserio.
DUARTE: É muito longe…

(Desde atrás, ao grupo protagonistas achégaselle o conductor do coche. Ao fondo está a ribeira galega do rio Miño, coa silueta inconfundible do Monte Santa Trega)

DUARTE: O río é longuíssimo…

(Duarte fala co conductor e este vai cara o coche. Do guardaluvas do coche, o conductor saca uns prismáticos. Manoel, Judite, Duarte e Afonso están de costas. Achégase a eles o conductor e dalles os prismáticos. Duarte mira polos anteollos a outra beira do río)

DUARTE: Agora sim, vejo perfectamente. O edificio de très torres. É esse?
MANOEL: Exactamente. Ali estiven interno… Très ou catro anos. Acordábamos todos os días as seis da manha. O frio era de rachar, e fichábamos com as m4aos cheias de frieiras. Teria os meus 10 ou 11 anos. Puseram-me na terceira divissaão, que era a dos mais novos e o meu irmão Casimiro, mais vlho do que eu, cerca de ano e medio, ficou na segunda divissão. Os irmãos en divissãos separadas só se veiam aos domingos, conversavam por uma hora apenas circulando no claustro. Chamáva-se Colégio de La Pasaje (sic.) por ser por alí a passagem para La Guardia (sic.). Eram os jesuitas do antigo Colègio de Campolide. Expulsos pela República.

(…)

MANOEL: Este é o rio Minho que nos separa de Espanha.

(Unha embarcación deportiva de remo navega por diante deles)

MANOEL: E muito mais largo que o meu! E tenebroso…
JUDITE: Tenebroso? Eu vejo-o calmo.
MANOEL: Agora parece calmo! Mas nos días sombrios do inverno sempre que voltávamos despois do Natal. O rio metia medo. Diante da barca, as áugas encapelavam-se como no mar… Era uma barca negra que nos levava para a outra margen. Afocinhava a proa nas ondas, e a min, míudo que era, parecia que nos ia a engulir a todos.

Provérbios minhotos


Nuvens aos pares, paradas, cor de cobre,

É temporal que se descobre

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

“Manuel e Elisa”: a poética do multicultor


Hai oportunidades que un ten na vida que o fan sentir como un privilexiado…
Hai proxectos audiovisuais que se ansían en sobremaneira… O filme Manuel e Elisa é un deses contentores de momentos especiais de dous heroes no ocaso da súa vida, unha senectude en medio das Georgicas. E así temos un documentario raro a medio camiño entre John Ford e Virxilio, pasando por David Lynch.
Entre estreitas carreteras, entre pistas e camiños, O Trinta desliza o seu pequeño tractor entra as leiras minhotas. Un filósofo entre piñeiros... O cheiro dunha fogueira de canhotos de berzas... Un documentario que respira Miño. O escenario é o rosal máis o telón é Portugal, concretamente o "boderline" impresionante e totémico da Serra da Arga.
O filme estase ultimando e percorrerá un longo camiño por festivais… Pode que asente por algún ecran minhoto… Vai ser unha festa… Seguro!

Poema a Luís de Camões | Rosalia de Castro











Desde as fartas ribeiras do Mondego,

desde a Fonte das Lágrimas,
que na bela Coimbra,

as rosas de cem folhas embalsamam,
do Minho atravessando as águas mansas
em misteriosas asas,

de Inês de Castro, a dona mais garrida,

e a mais doce e mais triste enamorada,

do grão Camões que imortal a fez

cantando as suas desgraças,

de quando em quando a acarinhar-nos vêm

eu não sei que saudades e lembranças.

Lá deu seu fruto a planta abençoada
com sem igual pujança.
Daqui o germen saiu, sabe-o Lantanho

e a sua torre dos tempos afrontada.
Talvez por isso - ó desditosos - sempre
convosco foi o germen da desgraça:

Tu, pobre dona Inês, mártir do amor
e tu Camões da inveja empeçonhada.

Pesam dos génios na existência dura

Tanto a fama e as glórias quanto as lágrimas.


A que cantaste em peregrinos versos,
morreu baixo o poder de mãos tiranas.

Tu acabaste olvidado e na miséria
e hoje es glória da altiva Lusitânia,

ó poeta imortal, em cujas veias

nobre sangue galego fermentava!


Esta lembrança doce,

envolta numa lágrima,

manda-te desde a terra

onde os teus foram nados
uma alma dos teus versos namorada


CASTRO, Rosalia de. - Antologia Poética. Colecção Poesia e Verdade, 1885, Guimarães Editores, pág 11-12

Quinta-feira poética

Para dar longa vida a este espaço, proponho que a quinta-feira passe a ser o dia em que semanalmente se escolha e comente um poema.

A título de exemplo tentei fazer a escolha mais oportuna com um poema de Rosalia de Castro chamado "Poema a Luís de Camões". Usarei a adaptação portuguesa, que é a única de que disponho na importante edição portuguesa que faz a Antologia Poética da autora e publica ainda um Cancioneiro Rosaliano, com uma selecção de cerca de quarenta poetas que dedicaram versos à poetisa que morreu no Padrón e jaz em Santiago. Exactamente por este Cancioneiro, voltaremos mais vezes a esta obra onde figuram nomes portugueses como Teixeira de Pascoaes ou Eugénio de Andrade.

Já agora, deixo o reconhecimento a Ernesto Guerra da Cal, que fez a selecção, adaptações e apresentação deste livro de 1885 (centenário da autora).




Sobre o poema lê-se na apresentação sobre a sua raridade, tendo sido ignorado na edição das Obras Completas de Rosalia, que Ernesto Cal classifica como uma desastrosa edição, sendo apenas recuperado em 1948 por Fermín Bouza Brey. É referido que "este é com certeza o último poema galego publicado depois de Folhas Novas em vida de Rosalia; e talvez o derradeiro que ela teria escrito."

É também muito significativo que este seja o único poema de Rosalia a ter por tema um figura histórico-literária, como é o caso de Camões, bem como, através deste, as referências a Inês de Castro, dama galega que veio a Portugal sofrer infortúnios e se encontra no centro do imaginário português.

(ao contrário do que se possa imaginar, não é difícil encontrar o livro nas livrarias portuguesas)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Entrevista a Manoel de Oliveira na TSF

Amanhã será o dia da estreia do novíssimo filme do Manoel de Oliveira, intitulado "Cristovão Colombo - O Enigma". A este propósito, escutei ontem casualmente uma entrevista sua na rádio TSF. Foi deveras curioso verificar que o jovial entrevistador parecia temer alguma senilidade por parte do realizador, e a elegante irritação de Manoel de Oliveira para com o facto, não suspeitando que provavelmente o entrevistador fala assim com toda a gente.

Adiante. Da entrevista retive alguns pontos curiosos. A dada altura, sobre os argumentos levantados pelo filme acerca da origem de Cristóvão Colombo, Oliveira referiu que em Itália afirma-se que Colombo é italiano sem o comprovar; em Espanha, afirma-se que Colombo é espanhol, sem o comprovar; e este filme permite agora que em Portugal se afirme que Colombo é português, sem o comprovar. Desengane-se, portanto, quem esperar do filme, alguma obra de cariz panfletário. O Mestre continua a trabalhar as subtilezas da representação.

Por fim, deixo duas citações da entrevista, que ofereço sem contexto para assim beneficiar a sua leitura poética:

"O mundo é uma bola onde a gente anda sempre à rasca."

(sobre os filmes ditos modernos) "Beijos que nunca terminam. Parece que estão a comer um pudim."




Quanto aos projectos que lhe falta concretizar, só o futuro o dirá. Nas suas palavras - antes do próprio terminar abruptamente a entrevista -, "em casa falta-me espaço e na vida falta-me tempo".

A imaxe da Morraceira


Ola a tod@s...
Esta vai ser a imaxe da asociación...
É a visión esquemática do que se supón unha morraceira...
Un illote de terra no medio dun río na que xa se asentou vexetación...
Todo isto en riba dunha frecha azul que significa a forza infinita do río...
Saúdos e feliz convivio na morraceira, onde ser vai a xuntar Galiza e Portugal

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O que é isto?

É um blog.

(dedicado aos afazeres galaico-portugueses - sem excluir os somente galaicos ou apenas portugueses - e cozido por membros da associação Morraceira)

(é como quem diz: ainda não sabemos bem)